Sérgio Bezerra compara sucessão estadual com um jogo de xadrez; confira
As peças para as eleições majoritárias deste ano, na Paraíba, vão se mexendo aos poucos, como se estivéssemos vendo um jogo de xadrez. A oposição (que teria mais competitividade caso partisse para o embate eleitoral unida), parece-nos enfraquecida com a decisão do senador Zé Maranhão de ser candidato pelo MDB, partido do qual é dono.
Essa candidatura atingiu em cheio as pretensões do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, também cotado para governador, uma vez que o seu vice-prefeito é Manuel Junior, também do MDB – e este, apesar de jurar fidelidade ao prefeito, ainda não deu sinais de desembarque da sigla. Seria este o motivo da desistência de Cartaxo?
Outro postulante, Romero Rodrigues, prefeito de Campina Grande, carrega drama parecido. Caso renuncie, quem assume é Enivaldo Ribeiro, do PP, pai da deputada estadual Danielle Ribeiro e do deputado Federal Aguinaldo Ribeiro (aquele mesmo que, independentemente do condutor, sempre ficará à sombra do Governo Federal). Sem esquecer que Enivaldo, como prefeito, certamente tentará coroar o final de sua carreira política com uma reeleição, fato que incomoda profundamente o clã Cunha Lima, do qual Romero é um dos próceres.
Nesse tom, restaria a candidatura do senador Cássio Cunha Lima – que, diga-se de passagem, depois da morte do pai, o poeta Ronaldo, vem descendo de ladeira a baixo, politicamente falando. As diferenças de discurso e de atitudes, quando se compara o antes e o depois, são de fazer corar frade de cera. E, caso candidato, terá o ônus de explicar aos trabalhadores comuns, maioria absoluta dos eleitores, porque votou para tirar seus direitos, na tal reforma trabalhista. Resumindo: uma candidatura que outrora foi decantada como leve tornou-se pesadíssima.
Pelas bandas da situação, parece que o ungido é o competente (mas desconhecido) secretário João Azevedo, que tem a missão de fazer do seu governo um “Ricardo III”, embora com uma pitada de tempero próprio. De fato, apesar de ser tido como dono de uma personalidade centralizadora e difícil, Ricardo Coutinho vem fazendo um bom governo – e, se comparado, à maioria das administrações estaduais do país, pode-se dizer que é um espetáculo de governo.
Contra as pretensões de João Azevedo, no entanto, paira o tabu de que Ricardo Coutinho não transfere votos (de fato, as últimas eleições mostraram isso). O fato novo é que Ricardo, sendo candidato a senador, tende a alavancar a candidatura de João Azevedo ao governo.
Acontece que, para a concretização dessa hipótese, o governador carrega o problema comum a Romero e Luciano: a ausência de confiabilidade no vice. No caso, Ligia Feliciano, que foi alçada à condição de vice graças à força eleitoral de Ricardo – mas que, digamos, não tem muita afinidade com o governador. A verdade é que, com a renúncia de Ricardo, quem assume é Lígia Feliciano e ponto final. Daí por diante, não se sabe o que pode acontecer.
Como se percebe, o problema para se dá um Xeque Mate nas eleições majoritárias deste ano, na Paraíba, é o danado do vice.
VITRINE DO CARIRI
Sérgio Bezerra
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