Indonésia diz que número de mortos em tsunami continuará subindo
O número de vítimas fatais do tsunami provocado por uma erupção vulcânica na Indonésia subiu para 281, com mais de mil feridos, informou a Agência Nacional de Gestão de Desastres nesta segunda-feira (24). Contudo, de acordo com o órgão, ao mesmo em que mantém a busca por sobreviventes, o número de vítimas será maior.
“O número de vítimas e de feridos continuará aumentando”, afirmou o chefe da agência, Sutopo Purwo Nugroho, que também informou que 57 pessoas estão desaparecidas.
A contagem do domingo (23) registrava 222 mortos.
Centenas de edifícios foram danificados pela onda gigante, que atingiu praias do sul da ilha de Sumatra e do extremo oeste de Java às 21h30 (12h30 de Brasília) de sábado. O tsunami foi provocado pela erupção do vulcão que é considerado o “filho” do lendário Krakatoa, o Anak Krakatoa, segundo Nugroho.
As equipes de emergência mantêm os trabalhos para procurar sobreviventes entre os escombros. Os especialistas advertem para o risco de novas ondas em consequência da atividade vulcânica.
Entre as vítimas estão três integrantes da banda de música pop Seventeen, que se apresentava na praia de Tanjung Lesung, no extremo oeste da ilha de Java, quando o local foi atingido por uma imensa massa de água que atingiu com força o palco e arrastou a estrutura contra o público.
O cantor da banda, Riefian Fajarsyah, publicou um vídeo pouco depois no Instagram para informar que o baixista e o empresário do grupo tinham morrido na tragédia –uma terceira vítima foi o guitarrista do conjunto. Outro integrante do Seventeen, a esposa do vocalista e um técnico continuavam desaparecidos.
UM ERRO
De acordo com autoridades, o tsunami pode ter sido provocado por um aumento repentino da maré provocado pela lua cheia, combinado com um deslocamento no fundo do mar após a erupção do Anak Krakatoa (o “filho do Krakatoa”), que forma uma pequena ilha no estreito de Sunda.
“A combinação provocou um tsunami repentino que atingiu a costa”, afirmou Nugroho, destacando que a Agência Geológica da Indonésia ainda trabalha para elucidar o que aconteceu.
As autoridades indonésias chegaram a afirmar, em um primeiro momento, que não havia tsunami, e sim um aumento da maré, e pediram à população que não entrasse em pânico.
“Se houve um erro a princípio, lamentamos”, escreveu Nugroho mais tarde no Twitter.
As erupções vulcânicas submarinas, que são relativamente incomuns, podem provocar tsunamis pelo deslocamento repentino de água ou deslizamentos em encostas, de acordo com o Centro Internacional de Informação sobre Tsunamis.
O presidente americano, Donald Trump, lamentou a devastação, tuitou: “Rezamos por sua recuperação. Os Estados Unidos estão com vocês!”.
A ONU se mostrou disposta a apoiar os esforços do governo, indicou o porta-voz de Antonio Guterres, secretário-geral da organização.
A área mais afetada foi a região de Pandeglang, na província de Banten, em Java, que abrange o Parque Nacional Ujung Kulon e praias populares, segundo a agência.
O presidente indonésio Joko “Jokowi” Widodo chegou na área do desastre de helicóptero na segunda-feira. Um dia antes, ele expressou sua simpatia e ordenou que as agências governamentais respondessem rapidamente ao desastre.
“Minhas profundas condolências às vítimas nas províncias de Banten e Lumpung”, disse ele no domingo. “Espero que aqueles que ficaram tenham paciência”.
COLUNA DE CINZAS
O Centro Indonésio de Vulcanologia e de Gestão de Riscos Geológicos informou que o Anak Krakatoa mostrava sinais de atividade intensa há uma semana. Ele está em erupção desde junho e voltou a fazê-lo cerca de 24 minutos antes do tsunami, informou a agência de geofísica.
Anak Krakatoa é uma pequena ilha vulcânica que surgiu no oceano meio século depois da letal erupção do vulcão Krakatoa em 1883. Esse desastre matou 36 mil pessoas, lançou tsunamis de longo alcance e coluna de cinzas, pedra e fumaça foi expelida a mais de 20 km de altura, transformando o dia em noite na área e provocando uma queda de temperatura global.
A maior parte da ilha afundou em uma cratera vulcânica sob o mar, e a área permaneceu calma até a década de 1920, quando o Anak Krakatau começou a subir do local. Ele continua a crescer a cada ano e entra em erupção periodicamente. Ele é um dos 127 vulcões ativos da Indonésia.
Gegar Prasetya, co-fundador do Tsunami Research Centre Indonesia, disse que o tsunami de sábado provavelmente foi causado por um colapso de flanco – quando uma grande parte da encosta de um vulcão desaba. É possível que uma erupção cause um deslizamento de terra acima ou abaixo do oceano, capaz de produzir ondas, disse ele.
“Na verdade, o tsunami não foi realmente grande, apenas 1 metro”, disse Prasetya, que estudou o Krakatoa. “O problema é que as pessoas sempre tendem a construir tudo perto da costa.”
A Indonésia, uma das áreas mais propensas a sofrer catástrofes no planeta, fica no Círculo de Fogo do Pacífico, onde se encontram placas tectônicas e que registra grande parte das erupções vulcânicas e terremotos do planeta.
O país sofre com frequência terremotos violentos, o último tinha ocorrido na cidade de Palu, na ilha Célebes, onde milhares de pessoas morreram vítimas de um tremor, seguido por tsunami.
Em 2004, um tsunami provocado por um terremoto no fundo do mar de 9,3 graus de magnitude, na costa de Sumatra, provocou a morte de 220 mil pessoas em países do oceano Índico, 168 mil delas na Indonésia.
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