Filme paraibano ‘A Noite Amarela’ tem estreia internacional
Exibição do longa vai ser nesta segunda-feira no IFFR.
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O filme paraibano “A Noite Amarela” foi selecionado para uma mostra competitiva e tem estreia internacional nesta segunda-feira (28) no Festival Internacional de Cinema de Roterdã (IFFR), na Holanda. Dirigido por Ramon Porto Mota este é o segundo longa da produtora paraibana Vermelho Profundo, que lançou em 2017 “O Nó do Diabo”, premiado no Festival de Brasília de Cinema no ano passado.
“O longa conta a história de um grupo de adolescentes que vai até uma casa de praia localizada em uma ilha pequena e afastada para comemorar o fim do ensino médio. Na medida em que eles festejam e conversam sobre o passado e sobre o que está por vir em suas vidas, percebem que tem algo estranho naquele lugar – algo que os cerca, que os ronda, e que vai acabar trazendo um horror inominável”, explica Jhésus Tribuzi, que assina o roteiro junto com o diretor.
O longa é definido pelos produtores como sendo um “slasher espiritual” – gênero semelhante ao horror psicológico -, mas também com toques de romance adolescente de formação, de amadurecimento.
“É um filme que fala sobre essa passagem para a vida adulta, sobre o medo do futuro e como lidar com isso. É algo pelo qual todo mundo já passou, ou melhor, uma experiência que a gente passa por toda a vida, em vários níveis diferentes”, completa Jhésus.
“A Noite Amarela” foi filmado em 2017, nas cidades de Campina Grande, Cabedelo e Conde. No elenco, estão Ana Rita Gurgel, Caio Richard, Clara de Oliveira, Felipe Espíndola, Marina Alencar, Matheus Martins e Rana Sui.
Apesar de parte da ação se passar em uma ilha fictícia, o filme faz um recorte específico da vida dos personagens, que são adolescentes de classe média em Campina Grande. “Não há um desejo totalitário de falar sobre adolescentes e a adolescência em geral. O filme passa por esse estado da vida nessa região específica do Brasil”, comenta Ramon Porto.
Produção audiovisual na Paraíba
Para Mariah Benaglia, uma das produtoras de “A Noite Amarela”, a seleção do longa para o IFFR mostra o potencial que o cinema paraibano tem de alcançar escala mundial. “No ano passado foi selecionado o filme “Sol Alegria”, de Tavinho Teixeira, e este ano, além da gente, também está no festival o curta “Crua”, de Diego Lima. Compor a programação de um festival como este é uma validação não só do nosso trabalho, mas como também da importância do investimento de recursos públicos em projetos audiovisuais. Todos estes filmes tiveram investimentos – sejam municipais, estaduais ou federais”.
“A Noite Amarela” começou como um projeto desenvolvido a partir do primeiro “Núcleos Criativos” da produtora Vermelho Profundo. O “Núcleos Criativos” é um edital do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), uma categoria específica do Fundo Nacional da Cultura destinada ao desenvolvimento da indústria audiovisual no Brasil.
“Este edital é voltado somente para a fase de desenvolvimento de projetos: produção de roteiros, pesquisas, consultorias, planejamento de produção, etc. A partir deste investimento, conseguimos montar cinco projetos. Destes cinco, dois viraram filmes, que são ‘A Noite Amarela’ e ‘O Nó do Diabo’”, explica a produtora.
Para a execução do projeto, a equipe conseguiu também captar recursos em nível estadual por meio do edital Linduarte Noronha, promovido pelo Fundo de Incentivo à Cultura (FIC) Augusto dos Anjos.
“É muito bom comprovar que estes investimentos têm retorno. Que estes filmes, narrativas, localidades, lugares de fala, têm potencial de serem vistos por todo o mundo”, diz Mariah.
Ainda de acordo com a produtora, a produção audiovisual na Paraíba vem crescendo, e ela vê este avanço como o resultado dos esforços da classe que se organizou e reivindicou recursos e investimentos na área.
“Estamos vivendo um período de ‘primavera do cinema paraibano’. Nunca tantos longas-metragens foram produzidos e vistos pelo público como nos últimos anos. Mas ainda temos um desafio que é a distribuição. Com mudanças no FSA, é preciso agora ter uma pontuação de desempenho comercial para obter recursos para a produção. Precisamos passar a entender e acessar o mercado exibidor e entregar esses filmes ao público em geral. Para isso, não podemos deixar de pensar politicamente em projetos de formação de público”, completa Mariah.
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Novos projetos
Depois de “O Nó do Diabo” e “A Noite Amarela”, a produtora está em processo de desenvolvimento de cinco longas metragens por meio do edital “Núcleos Criativos” financiado pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul e pelo FSA. São os filmes “Estranho Vazio”, de Gian Orsini; “Uivo”, de Ian Abé; “Ratox CH7”, de Arthur Lins; “Noite e Sombra”, de Rodolpho de Barros; e “Mal da Terra”, argumento de Bruno Ribeiro que ainda está sem diretor.
“É a continuação do mesmo projeto de desenvolvimento de roteiros que deu vida aos outros dois filmes, e que reúne um monte de gente para pensar, discutir e escrever os filmes. No meu caso, vou sentar para escrever dois longas – um que passa por ‘O Exorcista’, ‘Poltergeist’ e ‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’, intitulado ‘O Sol de Satã’; e outro que mistura ‘O Massacre da Serra Elétrica’ com ‘Matar ou Morrer’, e aborda o conflito entre indígenas e grileiros em terras demarcadas”, completa o diretor Ramon Porto.
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