Rejeitos da barragem de Brumadinho chegam ao Rio São Francisco
Rejeitos de mineração mais finos, carregados de metais pesados provenientes da barragem que se rompeu em Brumadinho, têm afluído no rio São Francisco. Essa foi a principal constatação da segunda expedição da SOS Mata Atlântica pelo rio Paraopeba, realizada de 8 a 14 de março.
Em 25 de janeiro, o rompimento da barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, da Vale, liberou 14 toneladas de rejeitos de minério de ferro. A lama invadiu o ribeirão Ferro-Carvão e percorreu 9 km até alcançar o rio Paraopeba, importante afluente do rio São Francisco.
“Os sedimentos grossos, a chamada lama, de fato estão decantando no reservatório de Retiro Baixo”, observa Malu Ribeiro, especialista em recursos hídricos da SOS Mata Atlântica. “Mas a pluma com os contaminantes – que muda a cor e a turbidez do rio – está sendo carregada gradativamente pelo vertedouro do reservatório em direção ao de Três Marias, onde está o São Francisco.” A barragem de Retiro Baixo é o último obstáculo antes do rio Paraopeba desaguar no reservatório de Três Marias.
A equipe da fundação analisou a qualidade da água entre os reservatórios das usinas hidrelétricas (UHE) de Retiro Baixo, em Felixlândia – a 217 km da barragem que se rompeu – e de Três Marias, que compreende nove municípios de Minas Gerais..
Dos 12 pontos de medição, nove estavam em condição ruim e três tinham a situação regular. A turbidez variava de duas a seis vezes acima dos 100 UNT (Unidade Nefelométrica de Turbidez) permitidos pela resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Também foram identificadas concentrações de ferro, manganês, cromo e cobre além do autorizado por lei, o que “evidencia o impacto da pluma de rejeitos de minério sobre o São Francisco”.
Os resultados da segunda etapa de estudos pelo rio Paraopeba foram anunciados nesta sexta-feira, 22 de março, quando é celebrado o Dia Mundial da Água. O relatório O retrato da qualidade da água nas bacias da Mata Atlântica analisa a crescente degradação dos rios em 17 estados que compreendem os recursos hídricos do bioma.
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