Jessier Quirino conta ‘doidices’ e processo criativo para show na PB
O paraibano Jessier Quirino se apresenta com “Doidos de Juízo” nesta sexta-feira (16) e neste sábado (17), no Teatro Paulo Pontes, em João Pessoa. Ao G1, o artista contou sobre o espetáculo, suas composições musicais e seus trabalhos literários.
Poeta e contador de histórias, Jessier, disse que o espetáculo é “uma homenagem à galeria de espíritos iluminados que habitam esse mundão de meu Deus, cada um, a seu modo, cometendo suas doidices”. Para ele, o saudosismo traz as pitadas de alegria.
“Os tempos estão tão bicudos que optei pelo humor. Inclusive nas músicas e nos poemas declamados. Penso que o elemento-surpresa, o saudosismo de alguns achados trazem sempre pitadas de alegria”, conta o artista.
Nascido em Campina Grande, o bom humor sempre esteve na vida de Jessier. Na juventude, antes mesmo de começar a escrever poemas e histórias, sempre foi “bom ouvido” para temas hilários. O artista diz que esse “bom ouvido” é influência do rádio.
Falando de origem, há Nordeste do início ao fim das obras de Jessier. Engenhoso, seu repertório regional forma a imagem poética:
“Diria que a imagem poética é dom. A gente enxerga as coisas de forma diferente. Quanto ao repertório, é o gosto por ‘escavacar’ conversa mofada de meio de feira. Ali está o DNA da nossa nordestinidade”, fala Jessier.
As composições de Jessier já foram gravadas por artistas como Dominguinhos, Mônica Salmaso e Xangai. A relação do artista com a música também é forte e em “Doidos do Juízo”, Jessier não sobe ao palco com sozinho: os músicos Arnaud Neto (sax e flauta), Luiz Augusto (piano) e Antonio China (percussão) acompanham a apresentação.
“A presença dos músicos acontece por necessidade de renovação do efeito tobogã que imprimimos nos espetáculos. São altos e baixos, música e poesia e narrativas teatrais. Mais ou menos como o CD que acompanha cada publicação. Como elemento determinante, a música tem um peso maior. E o que não dá pra musicar ou cantar entra no ato declamatório” relata o poeta.
Já na literatura, seu trabalho mais recente foi “Galos de Campina”, onde Jessier se uniu com o conterrâneo Bráulio Tavares, ou como diz Jessier, “emendaram as camisas”.
“Tudo começa com o “Trupizupe, o raio da silibrina” de Bráulio, publicado em livro dele nos anos 80. Depois eu fiz o desafio “Rasga rabo bagunçador de bagunça” em livro meu. As obras ficaram separadas. Agora, resolvemos emendar as camisas, numa peleja que foi provocada pelo cordelista Kydelmir Dantas, que nos juntou num folheto de cordel em 2007. Como somos amigos, contemporâneos e conterrâneos, surgiu o livro Galos de Campina” conta Jessier.
Outra parceria literária e paraibana foi com a ilustradora Minna Miná, que para Jessier é “uma artista gráfica de traço particularíssimo”. Assim surgiu o livro “O Causo da Cobra Branca”. Em “Galos de Campina”, Minna também é responsável pelo projeto gráfico.
Novas obras de literatura infantil devem acontecer. Os netos estão chegando na vida de Jessier, que vai colocando em prática as ideias que surgem. É dentro de casa que o artista ‘testa’ suas obras: “A exposição é quase sempre em território doméstico. Como não gosto de ‘vexame’, os textos dormem e acordam sem pressa e são lavados em sete águas feito fava brava”, brinca o artista.
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