Preso o maior hacker do Brasil na operação “Open Doors”
Apenas o núcleo liderado por Bart desviou ao menos R$ 40 milhões, de acordo com as investigações que correm em segredo de Justiça
Preso em uma cobertura de luxo na região central de Curitiba com R$ 630 mil ensacados em pacotes escondidos dentro de uma mala de viagem, Lucas Iagla Turqueto, o “Bart”, é considerado pela Polícia Civil do Rio “um dos maiores hackers do Brasil” e um dos líderes de uma quadrilha que movimentou, entre 2016 e 2018, R$ 150 milhões, em desvios de contas bancárias de vítimas de pelo menos sete estados. Apenas o núcleo liderado por Bart desviou ao menos R$ 40 milhões, de acordo com as investigações que correm em segredo de Justiça. O dinheiro era depositado em contas de laranjas ou usado para adquirir patrimônios, como casas e carros de luxo.
Comandada pelo delegado Ronaldo Aparecido, a equipe da 90ª Delegacia de Polícia de Barra Mansa, no sul fluminense, se deslocou do Rio até Curitiba para prender “Bart”, na 5ª fase da operação “Open Doors” (Portas Abertas). Os investigadores chegaram até o hacker depois de meses de investigação após ele ter feito a compra de um cachorro da raça Shih Tzu. Ele comprou o cão com um cartão de terceiro, mas registrou o animal com seu próprio nome, o que confirmou o esquema de lavagem já monitorado pelos investigadores. Foi rastreado e surpreendido pelos policiais na manhã desta quinta-feira (12/09).
Bart era considerado discreto nos contatos com outros investigados e tomou o cuidado para não deixar registros em perfis nas redes sociais. “Bart não existia. Não havia nada em seu nome. Este apartamento que ele vivia em Curitiba pertencia a ele, mas estava em nome de laranja, como todos os outros bens e imóveis identificados como sendo da quadrilha. Ele usou até o pai no esquema”, afirma o delegado Ronaldo Aparecido. O apartamento onde Bart (apelido em referência ao personagem da série “Os Simpsons”) foi preso era usado como “quartel-general” da organização criminosa. Nele, havia um escritório com uma bancada ocupada por laptops e computadores, drives e telefones, além de cadeiras executivas. Na sala da cobertura, Bart tinha à disposição uma banheira de hidromassagem com vista privilegiada.
No local, foram encontrados vários colchões, o que demonstra, segundo Aparecido, que “Bart” atuava com outras pessoas no “quartel-general do crime”. Agora, ele será remanejado via Polinter de Curitiba para Casa de Custódia de Volta Redonda, a pedido da Justiça de Barra Mansa, que autorizou a operação. A “Open Doors” começou em 2017 com o objetivo de combater uma quadrilha de criminosos que fraudavam operações bancárias por meio de sites falsos. A 5ª fase da operação se valeu das denúncias das fases 1 e 2. Porém, as investigações começaram quando a polícia prendeu três policiais por um triplo homicídio na região dos Lagos, a mando de outro hacker chamado Richard Lucas.
Na primeira fase foi desarticulado o grupo intermediário do esquema, com 16 pessoas denunciadas pelos crimes de organização criminosa, furto, lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio. Nela, foi possível verificar que o grupo usou veículos no valor de R$ 900 mil em nome de terceiros para ocultar bens. Na fase 2, em decorrência da apreensão de computadores de dois dos 237 denunciados – entre eles seis hackers -, foi possível descobrir um grande número de transações para desvio de dinheiro e ocultação de patrimônio. Além do hacker “Bart”, outras 15 pessoas foram presas: 12 no estado do Rio, duas em Minas Gerais e uma em Goiás. Em Campo Mourão (PR) foram apreendidos três veículos e cerca de R$ 38 mil, além de cartões bancários e equipamentos.
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