MPF vai analisar divergência entre a Lava Jato e auxiliar de Aras
A Corregedoria do Ministério Público Federal (MPF) vai analisar a divergência apontada pelos procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná com a Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o compartilhamento do banco de dados da operação.
A TV Globo apurou que o caso está sob avaliação da corregedora-geral do MPF, Elizeta Ramos, e provocou uma crise entre integrantes das forças-tarefas da Lava-Jato, incluindo as do Rio de Janeiro e de São Paulo, com a gestão do procurador-geral da República, Augusto Aras.
Em junho, quatro dos sete procuradores que integram o grupo de trabalho da Lava Jato na PGR, em Brasília, pediram para deixar a função. A saída de três deles foi divulgada na última sexta-feira (26).
A principal reclamação é sobre a conduta da subprocuradora-geral da República, Lindora Araújo. Ela é uma das mais próximas auxiliares de Aras e coordenadora do grupo de trabalho da Lava Jato na PGR. Há a expectativa de que ela preste informações à Corregedoria nos próximos dias.
Os pedidos de acesso ao material foram feitos nesta semana e foram considerados estranhos e fora do padrão.
Segundo os procuradores no Paraná, Lindora buscou acesso a informações, procedimentos e bases de dados da força-tarefa em diligência efetuada sem prestar informações sobre a existência de um procedimento instaurado, formalização ou escopo definido.
Os procuradores da Lava Jato no estado discordam do procedimento da subprocuradora e fizeram um relato à Corregedoria do MPF pedindo a adoção de providências cabíveis.
Antes de encaminhar um ofício à Corregedoria, a força-tarefa da Lava Jato no Paraná decidiu fazer uma consultar o órgão sobre o objetivo dos pedidos feitos por Lindora Araújo.
“Na ocasião, a excelentíssima Corregedora-Geral [Elizeta Ramos] informou que não há qualquer procedimento ou ato no âmbito da Corregedoria que embase o pedido de acesso da subprocuradora-geral aos procedimentos ou bases da força-tarefa. Informou ainda que eventual embasamento para o pedido de acesso deveria ser indagado à subprocuradora-geral”, respondeu a Corregedoria.
A força-tarefa afirma que “não houve recusa a nenhum pedido de acesso justificado a dados, mas também não houve justificativa de nenhuma natureza para o pretendido acesso, que se assemelha mais a uma correição extraordinária, oficiosa, por quem não possui atribuições correcionais e não agiu em delegação da Corregedoria-Geral”.
Em nota, a PGR disse que Lindora fez a visita na condição de coordenadora da Lava Jato e que, desde o início das investigações, há um intercâmbio de informações entre a Procuradoria e as forças-tarefas nos estados.
Segundo a PGR, a visita foi previamente agendada, há cerca de um mês, e foi uma visita de trabalho que visava a obtenção de informações globais sobre o atual estágio das investigações.
A Procuradoria afirmou que não se buscou compartilhamento informal de dados e que a solicitação de compartilhamento de dados foi feita por meio de ofício datado de 13 de maio.
A PGR confirmou ter feito pedido semelhante às forças-tarefas de São Paulo e do Rio. Ainda segundo a Procuradoria, os assuntos de reunião de trabalho, como é normal na Lava Jato, são sigilosos.
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