Tiago Nunes não entrega o futebol que prometeu no Corinthians
Ao ser apresentado no Corinthians, ainda no fim do ano passado, Tiago Nunes prometeu buscar um futebol propositivo e vistoso. Meses depois, em março desse ano, quando o time já tinha sido eliminado na primeira fase da Libertadores e vinha mal no Paulistão, o treinador reforçou:
– O Corinthians merece esse protagonismo. Jogar de maneira moderna, agressiva, igual jogam os grandes clubes do mundo.
Após 20 jogos oficiais no comando da equipe, Tiago Nunes ainda não entregou o que prometeu. Ele tem culpa, mas não sozinho.
Diante do Grêmio, no sábado, o Corinthians conquistou um ponto importante, mas teve uma atuação preocupante. O desempenho no empate por 0 a 0, em Porto Alegre, lembrou a época de Fábio Carille muito mais do que Tiago desejaria e a Fiel gostaria.
Em entrevista coletiva após a partida, o comandante alvinegro argumentou que a posse de bola esteve equilibrada em todo o jogo. É verdade, o duelo acabou com 50% para cada time neste quesito. A diferença é que o Corinthians concentrou essa posse no campo de defesa, enquanto o Grêmio rondou muito mais a área de Cássio.
O Timão permitiu que a equipe gaúcha finalizasse 24 vezes ao gol de Cássio, que mais uma vez evitou a derrota.
Além de não se defender bem, o Corinthians teve uma dificuldade enorme para criar. A equipe demorava muito para levar a bola da defesa para o ataque e não tinha mobilidade para criar espaços e furar a marcação gremista.
Em vez de buscar Jô com lançamentos nos tiros de meta, o Timão optou por construir as jogadas desde a sua área, com passes curtos de Cássio para os zagueiros e laterais. Apesar de alguns sustos, o Corinthians conseguiu passar pela primeira linha de marcação na maioria das vezes. Dali em diante, porém, começavam os problemas.
Tiago Nunes não tem culpa por não ter pontas que ofereçam mais profundidade à equipe. Com Ramiro e Mateus Vital, falta alguém para ir à linha de fundo e oferecer mais opções de tabela para Jô.
O técnico escancara esse problema ao solicitar o retorno de empréstimo de Gustavo Mosquisto e levá-lo para o banco contra o Grêmio após um treinamento apenas.
É preciso ponderar que o elenco corintiano tem limitações, e Tiago Nunes pede a contratação de um atacante desde o ano passado. O clube tentou Michael, Rony, Nikão, mas ofereceu apenas Léo Natel ao treinador.
E dá para culpar o comandante alvinegro pelos erros de passes de Gabriel e Ramiro, os vacilos de Michel Macedo, a falta de brilho de Luan? Sim, os jogadores também podem render mais.
Mas, após nove meses de Corinthians, Tiago Nunes também deve ser responsabilizado por futebol tão pobre.
É preciso encontrar um equilíbrio entre proteção defensiva e qualidade na saída de bola, algo que Gabriel não oferece. Também achar alternativas para construir jogadas com os atletas que estão à disposição.
Algumas escolhas de Tiago são difíceis de entender. Janderson e Gabriel Pereira, que no jogo contra o Atlético-MG entraram no segundo tempo, nem sequer ficaram no banco de reservas contra o Grêmio.
Embora tenha razão ao dizer que a mudança de um estilo de jogo exige tempo, o comandante alvinegro decepciona em resultados e desempenho. O aproveitamento é de 48%, e o futebol não tem sido agradável de ver.
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