Filha relata: “perdi minha mãe para as fake news”, após idosa morrer de covid.

Maria das Graças Paim, 71, morreu em decorrência da covid.
Foto: arquivo pessoal
Idosa não acreditava na existência do coronavirus
Com o sentimento de tristeza e revolta, a filha Adriana Aparecida Paim Avanci diz que perdeu a mãe para as fake news. “Ela assistia a muitos vídeos na internet e não acreditava que essa doença existisse. O que mais dói é saber que não é só ela que era assim, tem muita gente perdendo a vida por causa de notícias falsas”, desabafou a filha, moradora de Ribeirão Preto (SP) perdeu a mãe.
Sua mãe era a aposentada Maria das Graças Paim, 71 anos, que faleceu devido a complicações da covid-19
De acordo com a filha Adriana Aparecida, a idosa não acreditava na existência do vírus e se recusou a procurar atendimento médico. “Infelizmente, quando ela aceitou ir ao hospital, era tarde demais”, lembra a professora, em entrevista ao UOL.
A filha disse que a mãe começou a ter os primeiros sintomas da doença em 29 de dezembro. Após sentir dor de garganta e no corpo, a mãe Maria das Graças foi alertada pelos filhos que ela poderia estar com covid-19 e foi orientada a buscar atendimento médico. “Durante dez dias, eu e meu irmão lutamos para levá-la ao hospital e ela não quis ir. Nesse período, ela chegou a nos mandar um áudio dizendo que não ia mais falar com a gente devido a essa insistência. [Ela dizia] Que tudo não passava de uma gripezinha”, acrescenta a filha.
Adriana também teve os sintomas da doença, no mesmo período da mãe, e testou positivo para a covid-19, ficando em isolamento domiciliar. Sem poder visitar a mãe, só conseguiu perceber que a situação da idosa estava ficando pior através de uma chada de vídeo.
“No dia 6, eu percebei que ela estava muito debilitada, na cama, mas ainda assim ela se recusava ir ao médico e dizia estar bem. Então eu avisei no grupo da família o que estava acontecendo e todos passaram a pressionar a minha mãe para ela ir ao hospital”, conta a professora.
60% do pulmão comprometido
No dia seguinte, Maria das Graças foi levada ao hospital Beneficência Portuguesa pelo filho. Com 60% do pulmão comprometido, a idosa foi internada após algumas horas. Já no dia seguinte, o quadro de saúde se agravou e ela precisou usar máscara de oxigênio para auxiliar na respiração.
No dia 10, a idosa entrou na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e foi intubada. “Mesmo bastante debilitada, ela entrou no hospital falando que estava indo contra a vontade dela, mas já era tarde. Seis dias depois que ela estava na UTI, os rins pararam de funcionar e ela precisou fazer hemodiálise e o quadro de saúde só foi piorando”, conta Adriana.
No último dia 17, Maria das Graças teve duas paradas cardiorrespiratórias e não resistiu. Apesar da idade, a família relata que a aposentada era uma pessoa bastante ativa e praticava atividades físicas. Como comorbidade, ela tinha pressão alta. “Ela dizia que a pandemia ia matá-la, mas não por causa do vírus, mas sim de solidão e tristeza. Eu vi a minha mãe entrar no hospital e não a vi sair. Acredito que se tivesse acreditado na doença, hoje ela estaria com a gente”, diz a professora.
Vitrine do Cariri
com UOL
Faça um comentário