Bolsonaro mostra força política e elege presidentes da Câmara e do Senado

Com o resultado, além de emplacar uma vitória contra Rodrigo Maia, presidente reduz o risco de avançarem os mais de 60 pedidos de impeachment.

Bolsonaro cumprimeta presidente eleito da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL)
As eleições para as duas Casas foram recheadas de surpresas e traições. Na Câmara dos Deputados, ACM Neto (DEM-BA), Aécio Neves (PSDB-MG) e integrantes do PT preferiram Arthur Lira (PP-AL), que também tinha o apoio do ex-ministro José Dirceu. No Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) era a escolha de Bolsonaro e tinha o apoio do ex-presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Câmara dos deputados
Com razoável folga, Arthur Lira se consagrou vencedor, obtendo 302 votos. No seu primeiro discurso, já como presidente eleito da Câmara dos Deputados, o parlamentar usou um tom de neutralidade, afirmando que a política tem uma dívida com o povo e que não há um trono no Congresso Nacional trabalhando para a esquerda e direita. “O trabalho deve ser coletivo”, informou.
Baleia Rossi (MDB-SP) teve menos da metade dos votos do presidente eleito da Câmara, ficando com 145 votos. Esse episódio é um alívio para o presidente Bolsonaro que fica fortalecido para conseguir aprovar os projetos do governo na Câmara, além de reduzir bastante a chance de avançar algum dos mais de 60 pedidos de impeachment feitos na Casa.
Arthur Lira defendeu o equilíbrio das contas públicas, ao mesmo tempo em que prometeu ajudar as pessoas que precisam do auxílio emergencial.
O parlamentar ainda elogiou Baleia Rossi e garantiu que vai trabalhar pelas reformas do Brasil, buscando a união. “Vou buscar o diálogo e as soluções”, disse.
Antônio Carlos Magalhães Neto, ACM Neto (DEM-BA), que teoricamente estava junto com Rodrigo Maia apoiando Baleisa Rossi, liberou os parlamentares da legenda para votarem em quem quisessem.
Aécio Neves (PSDB-MG) pressionou o PSDB para que os deputados votassem em Arthur Lira, contrariando João Dória (PSDB-SP), que apoiava Baleia Rossi. Os movimentos fizeram nascer traições para um lado (de Baleia Rossi) e sorrisos para o outro (Arthur Lira).

O ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e o presidente eleito da Casa Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Imagem: GABRIELA BILÓ/ESTADÃO CONTEÚDO
Senado Federal
Para fechar a “dobradinha” do presidente da República, o parlamentar eleito presidente do Senado Federal foi Rodrigo Pacheco (DEM-MG) com 57 votos. O candidato derrotou Simone Tebet (MDB-MS), que teve 21 votos.
Além de Bolsonaro, mais dez partidos apoiaram Rodrigo Pacheco, dentre esses, siglas de oposição, como PT, Rede e PDT.
Pacheco era o favorito da disputa e recebeu os parabéns do presidente da República, que aproveitou a oportunidade para alfinetar as eleições com urna eletrônica. “Em cédula de papel, o Senado Federal elegeu o Senador Rodrigo Pacheco (57 votos de 81 possíveis) para presidir a Casa no biênio 2021/22”, publicou Bolsonaro.
O senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO), que retirou sua candidatura à presidência do Senado Federal, criticou o ex-presidente Davi Alcolumbre (DEM-AL) e o novo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
“O senhor entrou com a nossa confiança em mudança, e especialmente que não trocaria a palavra independência por subserviência. E o que o senhor foi nos últimos dois anos, desculpe a sinceridade, foi literalmente um office boy de luxo do presidente Bolsonaro”, disse a Alcolumbre.
Com relação a Rodrigo Pacheco, presidente eleito da Câmara dos Deputados, Kajuru disse imaginar que “também será um ofice boy de luxo, e vai ter dois patrões (Alcolumbre e Bolsonaro). Não terá independência, será, também, subserviente”.
O fato é que Bolsonaro ganha fora política para aprovar os projetos e reformas do governo, além de conseguir reduzir as chances da abertura de um processo de impeachment.
Faça um comentário