António vê pressão exagerada no Corinthians e afirma: “Mudanças geram caos até a estabilidade”

  • 29 de abril de 2024

O técnico António Oliveira avaliou o clima de pressão que viveu no clube nos dias que antecederam a vitória do Corinthians por 3 a 0 contra o Fluminense, a primeira do Timão no Brasileirão e que levou a equipe aos quatro pontos na tabela. Em coletiva, ele lembrou o momento da equipe:

– Uma semana de clube grande, jogar num clube desta dimensão tem cobrança, mas é necessário as pessoas entenderem em que momento vivemos. Hoje jogamos com uma equipe que joga junta há três anos, no jogo contra o Atlético-MG, do último jogo tinham nove e nós três. Jogamos com o Bragantino, uma equipe estruturada e estável em elenco e treinador. Se as pessoas forem intelectualmente honestas nas análises, vão ver.

– Temos jogadores se conhecendo, eu mesmo estou. A reestruturação que é feita no clube, mudanças sempre geram desconforto e algum caos até chegar a estabilidade, mas as pessoas não têm paciência. O que querem é que, ao fim do jogo, a gente tenha um gol a mais.

O técnico criticou a quantidade de notícias que classificou como “mentirosas”. O técnico lembrou que isso afeta muito os seus jogadores:

– O que me deixa triste é a quantidade de notícias falsas. Isso é o que se deve mudar no futebol brasileiro. Deste lado tem pessoas, não animais. Pessoas que têm família, tudo impacta na vida deles. Sou apegado à justiça social, devemos lutar pela igualdade. Quando dizemos algo, é preciso cuidado. Sabemos a responsabilidade de representar um clube deste. Foram três jogos sem resultado, mas temos de perceber que os jogadores sempre deram tudo.

– Só num jogo os cobrei, contra o Juventude, esse sim saiu fora da realidade competitiva da disputa entre os dois clubes. As derrotas são minhas, as vitórias deles. Hoje, uma vitória de um grupo que está sendo construído, uma equipe nova, que está crescendo. As pessoas cobram sem fundamento. Crítica gratuita, as palavras não são pagas, dizem o que querem. Essas são as regras do jogo e temos de aceitar.

António elogiou a capacidade do Fluminense, que manteve seu estilo de jogo pelos 90 minutos.

– Tem uma forma especifica de jogar, mas tem padrão, as grandes equipes são as que têm padrões identificados, são as mais fáceis de analisar, as mais difíceis são as bagunçadas. Aí é jogo de gato e rato, temos nossas estratégias, olhamos os espaços e a forma de retirar o conforto. Tem muito a ver com a assertividade e a agressividade para termos sucesso no jogo. Só mesmo um louco poderia achar que íamos pressionar por 90 minutos, na primeira fomos mais felizes e na segunda tivemos de ter capacidade de defender mais baixo, o que essa equipe é imperial, mas não somos infalíveis. O adversário deixou de ser pressionante. Enfrentamos uma grande equipe e um grande treinador.

Veja mais trechos:

  • Sobre Cássio

– Eu já tinha falado de saúde mental no jogo contra Atlético-MG, as pessoas devem ter cautela e atenção. As pessoas andam a bater e depois quando as coisas acontecem tem pena. Agora já é tarde. Os mesmos que têm pena são os que carregaram. Sobre Cássio, é uma conversa minha e dele, ninguém tem nada a ver com isso. Minha forma de gerir. Ser treinador não é só 4-4-2, 4-3-3, é muito mais que isso. Isso é 20%, o resto é gerir um grupo de trabalho com 30 egos diferentes. Cássio não é culpado de nada, estamos aqui para ajudar, ele vai voltar forte, temos de olhar sempre para o ser humano.

  • Sobre Wesley

– Já dei uma aula sobre Wesley, falei da importância dele crescer do ponto de vista técnico e tático, que temos responsabilidade para ajudá-lo, e sobretudo o fora de campo. Nós nesta situação temos a capacidade de ser um pai dele, e um pai dá amor, mas também cobra. Ele é igual aos outros, tem sido cobrado. Ele veio falar comigo: “você disse que eu era folgado”, eu disse que sim, isso é sempre dentro do limite. Vai crescer muito, é um bom menino, foi importante, mas temos uma equipe que o suportou.

  • Ataque

– Avalio muito o rendimento e dia a dia. Gustavo já entrou em alguns jogos, confio nele, ele sabe da confiança, não entrei em pânico, confio neles. Sobre a mudança do ataque, não foi pela ausência de gols. O que me preocupava era se a equipe não criasse. Se formos intelectualmente honestos, a equipe, finalizamos mais de 60 vezes em quatro jogos. Hoje fomos a quase 80. Mas temos de ter eficácia. Se analisar o perde não joga nada, ganha joga muito, estamos a enganar o torcedor. Muito redutor para a complexidade do jogo, é para criar pânico e instabilidade, mas sabemos que a cobrança num clube grande é assim.

  • Carlos Miguel titular

– Nem sei onde vou jantar. As coisas são pensadas, tenho de ter fundamento para as decisões, que Deus me dê sanidade mental para mais acertar que errar. Fez um bom jogo, ganhamos, não sofremos gol, é uma equipe que sofre pouco, já disse isso, mas as pessoas só olham os gols marcados. E jogamos contra o campeão da Libertadores. Jogamos contra o Atlético-MG. Fomos a Argentina jogar com uma equipe que está na meia final do Argentino. Mas é a nossa obrigação, lutar para ganhar sempre.

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