Nasce primeiro filhote de peixe-boi-marinho reintroduzido na Paraíba

  • 12 de janeiro de 2023

A Paraíba registrou o o primeiro nascimento no Litoral Norte do Estado de um filhote de peixe-boi-marinho proveniente de fêmea que recebeu cuidados e foi reintroduzida no ambiente marinho. O fato é um indicador que evidencia o sucesso do programa de reintrodução da espécie no Brasil pelo projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho. Nessa iniciativa, animais feridos são reabilitados e depois devolvidos à natureza.

Reintroduzida no litoral em 2021, a fêmea de nome Mel foi avistada com seu filhote por técnicos do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho e da Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape/ICMBio, no final de dezembro passado, na praia do Poço, em Cabedelo (PB). Em uma primeira avaliação, os técnicos observaram que o filhote está saudável e sendo amamentado por Mel.

“Estamos todos bem felizes com esse nascimento”, diz João Carlos Gomes Borges, diretor de Pesquisa e Manejo da Fundação Mamíferos Aquáticos, instituição responsável pelo projeto Viva o Peixe-Boi Marinho. “Essa notícia animadora ratifica a importância de anos de pesquisa e trabalho pela conservação da espécie no Brasil. Representa muito para os esforços que estão sendo realizados e agradecemos à Petrobras pelo apoio”.

Encontrada em 2004 ainda filhote, encalhada na praia de Ponta Grossa, em Icapuí (CE), a peixe-boi Mel foi transferida então para o Centro Mamíferos Aquáticos/ICMBio, na Ilha de Itamaracá (PE). Ali permaneceu em reabilitação por cinco anos. Em 2008, o animal foi transferido para o cativeiro de readaptação em ambiente natural da Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape (PB). Em março de 2009, foi solto no estuário da região, onde permaneceu por muitos anos. Em 2019, Mel se deslocou para o litoral de Cabedelo, em cuja região vive até hoje.

A equipe do projeto monitora diariamente Mel e sua cria, já que nas primeiras semanas os filhotes são mais vulneráveis. O perigo é ainda maior nesta época de férias de verão, quando a região recebe grande número de turistas. O litoral da Paraíba é um dos poucos lugares no Brasil onde é possível avistar em ambiente natural peixes-bois-marinhos, nativos e reintroduzidos. Isso pode levar a interações que prejudicam os animais.

“O melhor a fazer é manter distância, respeitar a área de uso dos animais”, diz João Gomes. Ele instrui que se deve admirar os peixes-bois de longe, sem tocá-los ou fornecer-lhes bebida ou alimentos. Os condutores de embarcações motorizadas, como barcos, lanchas e jet skis, devem verificar antes de acionar o motor se há algum peixe-boi-marinho próximo, porque a hélice pode machucar o animal. Já durante a navegação, o condutor deve reduzir a velocidade ou desligar o motor caso aviste algum animal perto.

Quem perceber que um peixe-boi está em perigo, machucado ou encalhado, pode entrar em contato com o Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho pelos telefones: (83) 99961-1338/ (83) 99961- 1352 (WhatsApp).

O Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho é uma estratégia de conservação e pesquisa para evitar a extinção da espécie no Nordeste do Brasil. Atua nas áreas de pesquisa, tecnologia de monitoramento via satélite, manejo, educação ambiental, desenvolvimento comunitário, fomento ao turismo eco pedagógico e políticas públicas.

O Viva o Peixe-boi Marinho é um dos 17 projetos que o Programa Petrobras Socioambiental apoia na linha de Oceano. O investimento voluntário apenas nessa linha chegará a R$ 96,6 milhões no período de 2020 a 2025. Esses projetos atuam para conservar espécies e ecossistemas costeiros e marinhos, contribuindo para a conservação da biodiversidade e a saúde do oceano. Além da produção de conhecimento técnico-científico, o Viva o Peixe-boi Marinho protege e cuida dos animais ao mesmo tempo em que tem iniciativas de preservação do habitat do peixe-boi, como evitar o descarte irregular de resíduos no mar, reduzir as pressões externas como circulação de embarcações e transformar vidas por meio da educação ambiental e da cultura oceânica.

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