Bolsonaro pediu alterações em minuta golpista; plano previa prisões de Moraes, Gilmar e Pacheco

  • 8 de fevereiro de 2024

A investigação da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder descobriu uma minuta golpista previa prisão dos ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

Segundo as investigações, Bolsonaro pediu que os nomes de Pacheco e Gilmar fossem retirados do texto. O então presidente da República não pediu a retirada do nome de Moraes, nem do trecho que previa a realização de novas eleições.

Segundo a PF, a agenda de Alexandre de Moraes era inteira detalhada para que o ministro fosse acompanhado em tempo integral e, caso houvesse o golpe militar planejado pelo grupo, ele pudesse ser preso.

Além disso, as investigações descobriram que militares da ativa pressionaram os que eram contrários ao golpe para tentar fazê-los aderir, e que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, recebeu um pedido de R$ 100 mil para ajudar na organização de atos golpistas.

A PF descobriu ainda que o PL, partido de Bolsonaro, foi usado para financiar narrativas de apoio de ataques às urnas. O ápice dessa estratégia foi a apresentação pela coligação da candidatura à reeleição do então presidente, em dezembro de 2022, questionando o resultado da eleição.

As informações constam da decisão de Alexandre de Moraes que embasa uma operação deflagrada nesta quinta-feira (8) contra militares e ex-ministros do governo Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente foi obrigado a entregar o passaporte e proibido de falar com investigados.

Estão entre os alvos buscas na operação desta quinta:

– General Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil;

– General Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);

– General Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;

– General Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;

– Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha (veja o que ele disse sobre a operação);

– Anderson Torres, delegado da PF e ex-ministro da Justiça;

– Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro;

– Tercio Arnoud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro, conhecido como um dos pilares do chamado “gabinete do ódio”;

– Ailton Barros, coronel reformado do Exército.

Foram presos, segundo o blog da Andréia Sadi:

– Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro (preso na casa da namorada);

– Marcelo Câmara, coronel do Exército ex-assessor especial de Bolsonaro;

– Coronel do Exército Bernardo Romão Correa Neto;

– Rafael Martins de Oliveira, major do Exército.

As ordens foram expedidas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que determinou que Bolsonaro entregue o passaporte e não fale com outros investigados. O advogado do ex-presidente disse que ele cumprirá as ordens.

A investigação tenta elucidar a participação dessas pessoas nos atos do dia 8 de janeiro, quando milhares de manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes (Planalto, Congresso e Supremo).

Segundo a PF, os investigados se uniram para disseminar notícias falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro com objetivo de criar condições para uma intervenção militar que mantivesse Bolsonaro no poder.

Ainda de acordo com a PF, o grupo se dividiu em dois grupos:

– O primeiro era voltado a construir e propagar informações falsas sobre uma suposta fraude nas urnas, apontando “falaciosa vulnerabilidade do sistema eletrônico de votação”, que continuou mesmo após o resultado da eleição;

– O segundo eixo, por sua vez, praticava atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito – ou seja, para concretizar o golpe. Essa etapa, de acordo com as investigações, tinha o apoio de militares ligados a táticas e forças especiais.

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