Até 20% dos casos de dengue podem ter repercussão neurológica

  • 20 de fevereiro de 2024

O Brasil já ultrapassou o registro de mais de 650 mil casos de dengue, segundo o Ministério da Saúde. De acordo com o painel de monitoramento de arboviroses, já são 94 mortes por causa da doença e outros 438 óbitos estão sob investigação.

Além dos sintomas mais comuns como dor de cabeça, no corpo, febre e manchas vermelhas, a dengue também pode envolver outra sintomatologia como sonolência, confusão mental, desorientação, irritabilidade e, até mesmo, diminuição da força dos membros inferiores e paralisia nos membros e rosto.

De acordo com o neurocirurgião Luiz Severo, repercussões neurológicas podem afetar até 20% dos infectados. “Entre 1 e 20% dos casos de dengue podem ter acometimento nervoso. Esse acometimento neurológico pode ter como causas distúrbios metabólicos ou uma reação imunológica grave”, explica.

Possíveis complicações neurológicas

• Encefalite: o vírus invade o sistema nervoso e gera uma inflamação.
• Mielite aguda: acometimento da medula podendo evoluir com paraplegia.
• Guillain barré: lesão imunológica no sistema nervoso periférica, fraqueza progressiva em membros inferiores ascendentes até paralisa respiratória.
• Neurites e neuromielites: o sistema imune ataca nosso próprio corpo.

O neurocirurgião explica que a resposta do sistema imune é variável para cada pessoa, mas que o diagnóstico precoce auxilia no tratamento. “Em alguns pacientes há uma tendência genética de uma reação exarcebada. Se o diagnóstico da complicação neurológica da dengue é feito de forma precoce, o tratamento é mais específico, feito com imunossupressores”, afirma Luiz Severo.

Fatores de risco

Atualmente, existem quatro sorotipos de dengue que circulam no país (DENV- 1, DENV- 2, DENV- 3 e DENV- 4). Os sorotipos DENV- 2 e DENV- 3 são os que mais afetam o sistema nervoso. “O tipo 1 é 2 já são de circulação comum no nosso país. O sorotipo 3 é bem menos frequente mas já está sendo observado nessa epidemia e terá uma população susceptível, então devemos ficar atentos a casos de encefalites e mielites. Além disso, é preciso ficar atento(a) para os principais grupos de risco: crianças e idosos. E lembrar que a doença é mais grave quando se trata de uma nova infecção”, alerta.

Cuidados do paciente com dengue

• Febre da dengue gera desidratação, por isso a importância de hidratação vigorosa;
• Não tomar AAS ou antiinflamatórios pois aumentam riscos de dengue hemorrágica com AVC hemorrágico.

Luiz Severo é neurocirurgião especialista no tratamento avançado da dor crônica. É coordenador do Centro Paraibano de Dor (CepDor), professor de pós-graduação em medicina da dor da Unifacisa e membro do programa de Jovens Lideranças Médicas da Academia Nacional de Medicina.

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