Novo depoimento de Mauro Cid à PF pode estreitar cerco a Bolsonaro

  • 11 de março de 2024

Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid vai voltar a depor na Polícia Federal nesta segunda-feira. Apesar de ser o único delator nas investigações que apuram diferentes irregularidades cometidas por Bolsonaro e seus aliados no governo, Cid vive um dilema.

O militar, nas palavras de um interlocutor próximo, “ama Bolsonaro” e não perdeu essa admiração mesmo depois do tormento judicial em que se meteu por ter seguido o ex-presidente em diferentes episódios.

No fim de semana, a reportagem revelou que Cid considera, ainda hoje, que não incriminou Bolsonaro em sua delação. Cid, segundo apurou Marcela Mattos, acredita que seus depoimentos são distorcidos pela Polícia Federal para complicarem a situação jurídica de Bolsonaro.

“Não sou traidor, nunca disse que o presidente tramou um golpe. O que havia eram propostas sobre o que fazer caso se comprovasse a fraude eleitoral, o que não se comprovou e nada foi feito”, disse Cid a um interlocutor.

Como colaborador, Cid deve se empenhar na produção de elementos que corroborem seus depoimentos — contando tudo que fez, viu e ouviu enquanto esteve ao lado do capitão. Mentir ou omitir não são possibilidades e a prisão é caminho certo para o delator que se desvia do acordo.

Como admirador de Bolsonaro, Cid jura que não incriminou o ex-chefe, mas está cada vez mais difícil sustentar essa postura. A PF não tem a mesma avaliação sobre a história contada por Cid. Nesta segunda, ele será confrontado com diferentes versões apresentadas por militares que estiveram na famosa reunião da minuta golpista no Alvorada. E terá de ser mais direto sobre Bolsonaro.

É aí que está o dilema de Cid. Ele terá de escolher entre sua delação e o amor pelo capitão. “Como é que não quer dar golpe e organiza reunião para falar de minuta golpista?”, questiona um investigador sobre as contradições de Cid. “Será preciso dar nome aos bois”, garante o investigador.

Compartilhe

Comente