António Oliveira vê evolução no Corinthians em empate: “Cada vez mais equilibrado”

  • 5 de maio de 2024

O Corinthians não conseguiu tirar o zero do placar no duelo contra o Fortaleza, neste sábado, na Neo Química Arena, mas deixou o técnico António Oliveira contente com o desempenho.

Em entrevista coletiva após a partida, António Oliveira elogiou a atuação e lamentou as chances desperdiçadas.

– Foi um grande jogo da minha equipe. A partir do momento em que o goleiro adversário é eleito o melhor em campo, diz muito daquilo que foi o jogo – opinou.

– Relativamente à segunda parte, quem pressiona e está em cima do adversário, e o adversário tendo uma profundidade grande, acabamos mesmo na segunda parte sendo superiores. Chegou um momento em que o jogo acabou por ficar perigoso, o Carlos fez uma grande defesa, talvez a única que o adversário tenha tido, mas no segundo tempo também acabamos tendo as melhores oportunidades – completou o treinador.

António mais uma vez ponderou que o Corinthians é uma equipe em reformulação enfrentando adversários mais maduros.

– É uma equipe toda nova. O Félix veio de uma equipe do México. Cacá do Athletico. Hugo veio do Goiás. Raniele veio do Cuiabá. Breno veio da Copinha. Garro veio da Argentina. E assim sucessivamente. Hoje tínhamos jogadores da base no nosso banco. Percebam a reconstrução que é feita. Na equipe de 2020, 2021, 2022, que jogadores lá estavam? Dentro de uma reconstrução de equipe, tem tempo. Eu gosto de falar porque quando se perde soa desculpa. Eu sempre falei mesmo quando ganhei que haveriam avanços e recuos – analisou o português, que ainda prosseguiu:

– É nessa perspectiva que a equipe cresce, cada vez joga melhor, interpreta melhor o que eu quero, é uma equipe cada vez mais equilibrada, não dá espaço e tempo para o adversário transitar. Isso é tempo, repetição, jogos.

O pouco tempo para recuperação entre um compromisso e outro gerou reclamação do técnico.

– As pessoas podem pensar que 10 dias para trabalhar e vai sair daqui o Barcelona ou o Manchester City. O futebol não é assim. Eu não consigo só treinar e não ter a competição. A competição mede a real condição física e tática da equipe. Evidente que com a quantidade de jogos exista uma fadiga e se reparar tem sido sempre a mesma coisa. Não tem a ver com a condição física da equipe e sim o desgaste que ela vai acumulando. Isso pesa e muito. Por isso a minha crítica à CBF. Eu percebo a dificuldade que é enfiar jogos… É um destrato enorme para os jogadores, é uma falta de respeito até para nós. Se eu fico cansado, imagine eles – lamentou.

– Mas como é mais fácil estar em uma cadeira e marcar jogos, porque não são eles que jogam e é mais fácil dar entretenimento às pessoas. Tem a redução da qualidade do jogo. Foi hoje… Criamos mais, mas não temos tempo para recuperar. Deveria ter mais respeito porque vamos representar o país fora dele. Eles não querem saber… E o Corinthians sai prejudicado! Não sei se existe alguma coisa contra o clube, mas eu espero que não. Eu quero ver se alguém vai se responsabilizar por isso em caso de eu perder mais jogadores porque depois sou eu que tenho que vir aqui e não o que estava na secretária marcando jogos, batendo palmas ou jogando playstation. Isso é uma falta de respeito – criticou.

O Timão volta a campo na terça-feira, diante do Nacional-PAR, fora de casa, pela Copa Sul-Americana.

Confira abaixo outros trechos da entrevista de António Oliveira:

Por que não mudou antes?

– Eu não sou obrigado a mexer na equipe, vejo ansiedade das pessoas em mexer, mexer, mexer. Se os jogadores estão a ter alegria, prazer no jogo, e nós sentimos que o plano estratégico está a ser cumprido, por que mexer? Mexi por desgaste. Se tivesse mais, talvez tivesse tirado outros, é difícil manter nossa intensidade por 90 minutos. Fizemos uma grande partida, a equipe jogou bem.

Pode poupar?

– Para mim, não há rodagens de elenco, são aqueles que eu sentir que são melhores para aquela competição. Não há que baixar a guarda na Sul-Americana e depois voltar, mas nossa prioridade sempre será o Brasileiro. As Copas são boas oportunidades que temos para ir degrau a degrau e queremos continuar nelas. Cada jogo que entramos é para ganhar os três pontos. Terça temos um jogo importante, vamos ter que jogar para ganhar, não vai haver poupanças. Se for um 11 diferente, não será por poupar alguém, é pelo que eu sinto ser o melhor para aquele jogo

Priorizar competições e veteranos do elenco

– É perceber o que o mês de maio vai nos reservar. Se ganharmos uma margem, um conforto dentro da competição, é evidente: é muito mais fácil ganhar uma competição com 12 ou 13 jogos do que com 38. Sabemos em que ponto está o Corinthians, uma equipe que está a se reconstruir. Nesse aspecto, quero falar da importância das lideranças aqui dentro, jogadores mais antigos que já ofereceram ao clube. Outros que foram embora hoje seriam importantes também. Os jogadores mais antigos são os que sofrem primeiro quando as coisas não vão bem. Temos exemplo do Cássio, Fagner, Paulinho. Clube não pode perder os seus valores. Quem vai dar os valores à gente que vem de fora, à molecada? Só eles sabem o que realmente é o Corinthians. Isto é uma situação que não se vive, sente-se. Só eles podem transmitir. Hoje o Cássio não esteve presente em campo, mas foi importante fora dele. O Paulinho é um jogador extremamente importante. Fagner continua a ser talvez do top-3 laterais-direitos do Brasil. Se alguém conseguir me dizer, vamos a um botecozinho refletir sobre isso.

Faltou camisa 9?

– Vou lhe responder com um exemplo que me vem na cabeça: a Espanha ganhou a Eurocopa sem centroavante. E não deixou de ganhar e marcar gols, fazer boas exibições. O Romero fez um grande jogo dentro daquilo que lhe pedi. Ele tem taxa de trabalho altíssima, é muito assertivo nas finalizações, percebe e entende o jogo. Tivemos duas ou três situações na pequena área, tivemos o azar de acertar o goleiro. Se saísse um metro ao lado era gol. Na primeira parte tivemos uma do Raniele em cima da linha do gol em que criamos uma situação de quatro contra dois. Hoje faltou a eficácia que tivemos no jogo contra o Fluminense. Quem cria uma expectativa de gol de 2,15 e faz 20 finalizações, quase 10 no gol, faltou o gol. Foi a única coisa que faltou. Romero é um centroavante, tenho ele, Pedro, Yuri, é com eles que vamos continuar a ganhar.

Chances do Fortaleza

– Eu até concordaria consigo se nós olhássemos aos últimos 15 minutos do jogo, onde eu já disse que o jogo se tornou perigoso, mas até lá, na primeira parte, onde é que nós fomos algum contra-ataque? Nós fomos uma equipa extremamente equilibrada. Ah, peço desculpa, mas isso não foi contra-ataque. Isso até foi até uma imagem que eu usei aos jogadores, no intervalo, que foi um tiro de meta longo, onde nós perdemos três duelos sucessivos e eles mandam um chutão para a frente para o Breno, e a bola entra no Kaiser. Isso não foi contra-ataque. Na segunda parte, sim, porque já fomos menos rigorosos, porque a partir do momento em que nós já estamos mais desgastados temos mais expectativa de cometer mais erros. Aí sim eu concordo contigo, o adversário carregou-nos porque tem mais profundidade. Perante isso nós conseguimos controlar tudo. Aliás, o jogo que tornou-se perigoso começou a ataque e contra-ataque que não é o jogo que eu mais admiro e que mais gosto. Eu gosto de levar sempre o jogo para uma estabilidade maior e ela foi enquanto nós fomos fisicamente saudáveis, a partir desse momento concordo consigo que permitimos algumas situações, uma delas o Carlos acaba por fazer uma grande defesa, mas eu acho que do grosso modo eu acho que a equipa foi uma equipa sempre muito muito equilibrada, é evidente o que nós queremos é que ela seja mais, durante mais tempo mas isso é preciso que nós tivéssemos de jogar semana a semana. No contexto brasileiro é muito difícil. Mas acho que a equipe durante 70 minutos foi uma equipe saudável, uma equipe organizada, rigorosa e muito equilibrada.

Quem volta?

– Eu vivo mais basicamente dia a dia, portanto, amanhã no CT vamos ver quem é que realmente nos pode ajudar e criar mais opções, porque nós temos sido um bocadinho fustigados por esse tipo de visão. Temos o Pedro fora, temos o Gustavo, temos o Yuri, temos o Igor, temos o Palácios, temos uma quantidade imensa. Eu não sei se estou a me esquecer de alguém. O Gustavo Henrique também falei, portanto, temos uma enormíssima gente que é importante, porque é importante para mim tê-los todos disponíveis para aumentar o leque das opções, o que nos limita depois um bocadinho nas escolhas. Mas amanhã saberemos basicamente um briefing geral de como é que estão as situações desses diferentes jogadores. Mais perto, outros estão mais, mas o Gustavo e o Yuri estarão mais perto de regressar e poder estar junto de nós na terça-feira.

Saída do Rubão

– Acho que a minha competência é técnica, não é diretiva, portanto, nós percebemos o que é a dimensão de um clube destes, portanto, aquilo que ele pode oferecer, mas aquilo que eu posso dizer com o Rubão é que, pelo menos no tempo que nós estivemos juntos, portanto, foi uma partilha de alguém que foi com respeito e que me tratou sempre bem, portanto, agora o resto, as decisões, isso não compete a mim, portanto, compete a quem gere o clube, a minha competência é a única e exclusivamente técnica e já me dá muito trabalho.

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