Receita Federal investiga influenciadores que ostentam carros e mansões nas redes

  • 27 de março de 2024

A Receita Federal está investigando influenciadores que ostentam carrões, mansões e objetos caros nas redes sociais. O principal objetivo é coibir a sonegação fiscal, mas os auditores também têm descoberto crimes mais graves, como lavagem de dinheiro para o crime organizado (bicheiros, traficantes e milicianos).

Os fiscais da Receita têm monitorado os suspeitos a partir de posts que eles mesmos publicam no Instagram, YouTube e TikTok. Levantam os bens que ostentam e fazem cruzamento de dados, apurando se imóveis e carros estão registrados no nome do influencer e se ele os declarou ao Imposto de Renda.

A reportagem apurou que dezenas de influenciadores já foram intimados a dar explicações à Receita, e muitos deles receberam autos de infração –ou seja, foram multados por não pagar impostos pela aquisição ou venda de bens que exibem na internet.

Segundo uma fonte, um youtuber tinha 12 carros em seu próprio nome, e nenhum deles constava de sua declaração de Imposto de Renda. Ele também não emitia nota fiscal de monetizações e ações de publicidade que fazia (na verdade, ainda faz) nas redes sociais.

O alto número de irregularidades impressiona os auditores da Receita. Houve uma instagrammer que declarava receber um salário mínimo por mês, mas tinha até barco no rol de suas propriedades.

Procurada por meio de sua assessoria de imprensa, a Receita não se manifestou sobre as investigações em andamento.

Esquema de apostas e tráfico

A Receita, a Polícia Federal e a Polícia Civil de vários Estados estão de olho em influenciadores já faz algum tempo. As investigações começaram contra canais bolsonaristas no YouTube que promoveram atos antidemocráticos e chegaram a influenciadores que aliciam apostadores em esquema de jogos ilegais.

No final do ano passado, operações policiais em vários Estados prenderam os chamados “influenciadores do Jogo do Tigre”. De acordo com as investigações, os “produtores de conteúdo digital” ganhavam dinheiro para incentivar os seguidores a fazerem apostas em plataformas de jogos de azar. Alguns compraram casas de luxo e carros importados com o golpe. Um deles movimentou mais de R$ 20 milhões.

Também em dezembro, o fisiculturista e personal trainer Renato Cariani, que tem 7,9 milhões de seguidores no Instagram, foi alvo de operação da Polícia Federal que investiga lavagem de dinheiro e o desvio de produtos químicos para a produção de crack.

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